
Paracambi: área do atual Aterro
foto: Márcia Marques 06/05/11 - CTR SEROPÉDICA


Visita técnica realizada por membros do Comitê Guandu
1 mês após início das operações de Seropédica
foto: Márcia Marques tirada 06/05/2011 - lagoa de chorume
Prefeitura do Rio promete para abril fim do aterro sanitário de Gramacho Depósito possui 60 milhões de toneladas de lixo acumuladas. Lixo vai para aterros em Seropédica, Nova Iguaçu e Paracambi.
10/04/2012 13h23
- Atualizado em
10/04/2012 15h24
FONTE:http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/rio-mais-limpo/noticia/2012/04/prefeitura-do-rio-promete-para-abril-fim-do-aterro-sanitario-de-gramacho.html
A prefeitura do Rio decidiu antecipar para abril o fim do aterro
sanitário de Gramacho, na Baixada Fluminense. O fechamento gradativo do
lixão começou em abril de 2011 e estava programado para terminar em
junho deste ano. Com 1,3 milhão de metros quadrados, o depósito possui
60 milhões de toneladas de lixo acumuladas.
O RJTV lançou na segunda-feira (9) a campanha "Rio + limpo", que discute o impacto do lixo na cidade.
Segundo o prefeito Eduardo Paes, vai custar mais para o Rio de Janeiro dar um destino adequado ao seu lixo, mas que essa era uma dívida que o governo tinha com a cidade.
“A prefeitura do Rio comete o maior crime ambiental da Baía de
Guanabara com o lixão de Gramacho. A gente veio dar solução para esse
problema. Eu acho que o momento adequado é o de abril, às vésperas de
nós mais uma vez recebermos uma conferência da ONU sobre o meio
ambiente. O custo de poluir era R$ 100 milhões mais barato do que o
custo de cuidar de maneira adequada do meio ambiente, mas é um custo que
vale a pena a cidade pagar”, disse Paes.
A prefeitura promete seis centros de triagem até 2014. Os centros terão
esteiras e os catadores passarão a atuar como separadores de lixo,
aumentando a reciclagem de 1% para 5%.
Lixo do Rio vai para Seropédica
Com o fim do aterro sanitário de Gramacho, as 8,5 mil toneladas de lixo
da cidade do Rio de Janeiro vão para a Central de Tratamento de
Resíduos de Seropédica. O restante que vinha de outros municípios vai
para a central de
Nova Iguaçu e uma a ser inaugurada em Paracambi, todos
também na Baixada Fluminense.
A proposta inicial no caso do Rio era um terreno em Paciência, na Zona
Oeste, que foi vetado pelo Ministério Público. O aterro de Seropédica
garante tecnologia de ponta. No entanto, a Universidade Federal Rural do
Rio (UFRRJ) tenta na Justiça impedir o funcionamento do lixão. O novo
vizinho é visto como ameaça às pesquisas porque começou a operar sem um
estudo de impacto ambiental.
O economista ambiental Cícero Pimenteira, da UFRRJ, não considera o
aterro o melhor destino para o lixo. “As tecnologias mais utilizadas
atualmente no mundo, que estão em pronto-uso, como por exemplo a
incineração de lixo, reduz para cerca de 10% do volume o lixo a partir
da incineração, e ainda tem a vantagem de gerar energia elétrica com a
incineração”, disse.
“No Brasil não há nenhum incinerador de porte que converta o lixo em
energia. Por que? Porque o lixão custa R$ 5 para o prefeito, um aterro
sanitário, a tonelada de lixo custa R$ 50 ou R$ 60, e a incineração hoje
custa R$ 130 a tonelada”, disse o secretário estadual de Meio Ambiente,
Carlos Minc.
O aterro de Seropédica ganha da Comlurb R$ 38 por tonelada de lixo.
Para receber todo o lixo do Rio de Janeiro serão R$ 10,3 milhões por
mês. O contrato é por 15 anos: tempo estimado de vida útil do aterro que
recebe o lixo sem reciclagem. O gás metano gerado do lixo será usado
para produção de energia e para a comercialização para gás veicular e de
cozinha.
No entanto, de acordo com especialistas, ainda não é o ideal: “Jogar
simplesmente o lixo na cidade em aterro sanitário não vai resolver o
problema do lixo no estado do Rio de Janeiro. Existe uma lei que obriga
as prefeituras a fazer coleta seletiva, reciclar resíduos da construção
civil. Ai você consegue ter uma política de redução de lixo. Ai sim,
você constrói central de tratamento de resíduos onde tem um aterro
sanitário, junto com usina de triagem, estação de compostagem,
biodigestores e ai você consegue aumentar a vida útil do aterro
sanitário e gerar um lixo mais inerte nesse aterro", disse o engenheiro
civil sanitarista Adacto Ottoni.
Lixo reciclável como fonte de rendaO
lixo reciclável vai continuar sendo fonte de renda, mas de maneira bem
mais agradável. Quem durante anos sobreviveu do lixo agora busca
alternativas reaproveitando o material reciclável, mas desta vez sem
enfrentar sujeira e mal cheiro. Há menos de seis meses, dez ex-catadores
montaram uma pequena fábrica, onde produzem 50 vassouras de garrafa pet
por dia.
Cristiano Rodrigues sustenta a família desde os dezessete anos com o
que catava no lixão: “É um trabalho honesto. Voltar a catar lixo é
voltar para trás, e eu não quero andar para trás. Quem anda para trás
não dá certo. Eu quero andar para frente”, disse ele.
'Lixo extraordinário'
São as dificuldades que levam as pessoas até o lixões. Anos a fio,
trabalhando no meio da sujeira, com risco de doenças... Debaixo de sol e
chuva. A rotina cruel dos catadores de Jardim Gramacho ganhou projeção e
o documentário "Lixo extraordinário" chegou a disputar o Oscar na
categoria no ano passado.
Mostra a vida de gente como Roberta Oliveira, que enfrentou o lixão
durante 15 anos: “Já tinha 2 filhos e precisava trabalhar. Meu irmão
tinha sumido durante uma semana e ai ele chegou em casa depois de uma
semana com muito dinheiro. Quando eu cheguei me assustei. Foi um choque e
eu me perguntava o que eu estava fazendo ali. Tudo a gente tem uma
missão. Aqui eu aprendi muito. Eu aprendi que o ser humano não é o que
pensa o que é. Pode ser mais”, disse.
A data para o fim do aterro de Gramacho está próxima e os catadores já
estão preocupados: “Não adianta fechar o aterro primeiro para depois
discutir. Você tem que discutir o processo antes, antes do último carro
entrar dentro de Gramacho, para que isso venha minimizar”, disse Tião
Santos, presidente da Associação do Aterro Metropolitano do Jardim
Gramacho.
Tião é um dos responsáveis pelas negociações que tentam reduzir as
incertezas sobre o futuro de 1,8 mil pessoas. Um conselho gestor formado
na maioria por catadores, e com representantes do Ministério Público,
dos governos federal e estadual já aprovou a criação de um fundo
financiado pela Caixa Econômica Federal para o consórcio que administra o
aterro. Será uma espécie de compensação por um trabalho que o poder
público deixou de fazer.
"Esse fundo vai servir para atender os anseios dos catadores. O catador
que queira construir sua casa, reformar casa que tem, queira entrar no
mercado formal, então esse fundo vai ser dividido mensalmente em
parcelas para que ele possa se qualificar, enquanto isso, ele recebe a
bolsa para se qualificar", completou Tião.