terça-feira, 1 de março de 2011

Um estranho legado com discurso "verde"

Quando olhamos para os anos 50 e 60 do século XX, percebemos o quanto fomos vítimas impotentes das orgias egocêntricas que influenciaram os estilos de governança em muitos países detentores da tecnologia nuclear e que culminaram no termo "guerra fria", que baseava-se no constante temor de um holocausto nuclear que devastaria todas as formas de vida de nosso maravilhoso pontinho azul.

Num salto temporal caímos no século XXI sofrendo ameaças do calibre, apenas com o diferencial nas armas de destruição em massa, que passam a ser denominadas "passivos ambientais" no lugar de mísseis balísticos intercontinentais lançados de submarinos nucleares ou bombardeiros estratégicos de grandes altitudes. O grau de periculosidade e destrutibilidade podem ser considerados equivalentes, pois se um explode e frita tudo e todos, o outro extermina pela sede, fome e desertificação.

As grandes sociedades pré-colombianas conheceram de forma fatal como o uso insustentável dos recursos naturais podem afetar até seus mais "intocáveis" membros e citamos o exemplo dos rapa nui, outrora habitantes da ilha de Páscoa, que num afã de exacerbação e demonstração do poder sobre a natureza promoveram sua própria extinção sem se darem conta que eram parte do todo.

Mesmo com tantos exemplos de usos errôneos o ser humano ainda se sente potencialmente dono das forças da natureza julgando-a como algo a ser consertada e controlada, numa evidente demonstração de incapacidade de retornarmos aos princípios que proporcionaram nosso sucesso como seres dominantes no planeta Terra - o da interpretação, interação e respeito a natureza. O modelo atual de governança não privilegia a sustentabilidade ética, social e ambiental das populações massacradas pela arrogância e prepotência dos gestores públicos responsáveis pela implementação de um modelo de gestão responsável pela urbanidade e humanidade relativas aos resíduos sólidos, preferindo estes cidadãos tomarem o caminho mais fácil, simplório, sombrio e incoerente.

Pergunta que humildemente deixamos para ser respondida pelas gerações do século XXII: voces, de alguma forma nos perdoariam por termos em sã consciência, inviabilizado todos os estoques naturais de água do planeta? Ajudaria, se voces soubessem que incansavelmente muitos de nós alertávamos para os perigos de tanta insustentabilidade?

Pensamos que nosso legado para as futuras gerações não sejam ruins, tóxicos, poluentes, contaminados ou sujos. Não temos mais tempo para semos pessimistas, pois aprendemos a respeitar e dedicar nossos esforços para as gerações futuras e todas as formas de vida.

Yoshiharu Saito