quinta-feira, 18 de outubro de 2012

RJ: fundação que cuida de rios é flagrada poluindo um deles

A Fundação Rio Águas foi flagrada poluindo o rio Jacaré dentro da favela de Manguinhos, no Rio de Janeiro
Foto: Douglas Shineidr/Jornal do Brasil


Um caminhão da Fundação Rio Águas foi flagrado na quarta-feira despejando detritos no rio Jacaré, dentro da recém-pacificada favela de Manguinhos, no Rio de Janeiro. A fundação tem por função "a manutenção dos corpos hídricos do município, realizando obras de conservação e desobstrução de canais e rios, além disso, é o órgão responsável pelo planejamento, supervisão e operação, direta ou indireta, do sistema de esgotamento sanitário", segundo definição na sua página da internet.

O prefeito Eduardo Paes, ao ser informado pelo Jornal do Brasil sobre o fato, se mostrou surpreso. "As empresas são contratadas para fazer o despejo correto. Quem fizer uma coisa dessas tem de ser punido", disse. A Rio Águas não quis identificar o suposto responsável pela ilegalidade. Em nota, declarou que "a empresa terceirizada realizou descarte de resíduos indevidamente no Rio Jacaré".
Afirmou ainda que "não compactua com este procedimento" e garantiu que "no momento, avalia a denúncia e informa que a empresa será multada, podendo ter o contrato suspenso. Todos os funcionários presentes na foto são terceirizados".
A fundação, no entanto, não apenas não identificou a empresa terceirizada, como também não explicou como os ditos funcionários terceirizados trajavam uniformes da Prefeitura e utilizavam um dos seus caminhões.
Poluição antiga
Nilson Damião, morador da comunidade há 48 anos, declarou que a poluição do canal começou há cerca de três décadas e desde então só aumentou. "São vários fatores. Traficantes jogavam os corpos de desafetos no canal, muitos moradores são 'porcos'. Além disso, muitos carros, de diferentes tamanhos, despejavam diversas substâncias neste canal", conta Damião, que lembrou que a presença dos traficantes na comunidade intimidava a qualquer um que fosse verificar o que acontecia.
Vanderley Pereira, 29 anos, lamenta o impacto ambiental que ocorre na comunidade com esses despejos, e disse claramente que há pessoas dentro da favela que contribuem para isso. "A Associação de Moradores do Parque João Goulart não faz nada para resolver esse e outros problemas da comunidade. Isso é uma vergonha", desabafou.
Outro morador, que se identificou apenas como Manoel, aproveitou para ironizar a situação dos que residem à beira do canal. "Nossas casas deveriam custar muito mais. Temos essa vista privilegiada e esse cheiro fenomenal que passa pelos nossos narizes", provocou Manoel.

fonte:http://www.jb.com.br/