quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Pseudoambientalistas: Servindo ao deus do “eu”


Desde que a primeira ambientalista da era moderna - Rachel Carson ao escrever “Primavera Silenciosa” (Silent spring, 1962), narra e denuncia em seus dezessete capítulos a contaminação das águas e solo, morte de peixes e pássaros pelo uso indiscriminado de pesticidas (sobretudo o DDT  e dieldrin) e todos os impactos ambientais negativos decorrentes da ignorância humana, vivemos em ciclos continuados e reativos aos acontecimentos onde o meio ambiente é sistematicamente agredido. Ocorre que, assim como os cenários econômicos e de governança se alteram com o passar do tempo, o movimento ambientalista vem sofrendo mudanças sejam em seu discurso, comportamento e estratégias de enfrentamento e resolução dos conflitos em curso ou já instalados e pela busca de relevantes informações científicas que sustentem nossas defesas em prol da natureza e de seus recursos naturais, garantindo que nossas gerações futuras tenham a chance de prover suas próprias necessidades.
Impossível neste contexto separar as necessidades de sobrevivência comuns a todos nós que temos infindáveis contas a pagar e prover o sustento diário dos que dependem de nós e dividem nossos lares e vidas, afinal somos todos nós filhos e filhas, pais e mães, tios ou avós, pois conciliar ativismo ambiental, família, trabalho, vida social (Sim, temos isso!) requer amadurecimento, esforço e objetivos de vida para o presente e futuro, e pensarmos constantemente no futuro estamos construindo para nós e nossas descendências.
Entretanto, é importante salientar que assim como ocorrem em outros setores da sociedade nem todos que se autocarimbam ou que agitam nossas bandeiras ambientais merecem a atenção e respeito da população ou tenham seus discursos levados a sério.
Um ativismo recheado de vontades e sonhos de melhorar o planeta Terra foi durante muito tempo o arcabouço de nossa militância, só que para alguns os objetivos e o raciocínios iniciais deram uma guinada de 180°, trocando tudo que foi conquistado a duras penas pelo execrável, sórdido e maléfico comportamento de “criar dificuldades para vender as facilidades” - com empresários e administradores públicos aterrorizados de um lado e pseudoambientalistas do outro; com brilhantes malabarismos e articulações com um lado varrendo a sujeira para baixo do tapete e o outro “potencializando” dificuldades como moeda de troca ávidos em sentir seus bolsos, cuecas e meias “cheios” da pecúnia do silêncio.
Um ditado popular já sentenciava: “Quem com porco anda, farelo come”. Será?
Pseudoambientalistas - se entrassem em extinção, não fariam a menor falta. Aos verdadeiros ambientalistas, militantes de corpo, alma e cérebro: os louros da verdade e justiça.

Yoshiharu Saito
Pres. Do Fórum Ecossocial da Baixada Fluminense
Gestor e Perito Ambiental